Cerca de 95% dos rubis são sujeitos a tratamentos térmicos, que podem ser leves ou bastante extremos. Detectar e distinguir esses tratamentos afeta dramaticamente o preço de um rubi. O tratamento térmico é usado para intensificar a cor natural de um rubi, pode melhorar a transparência de um rubi, removendo ou reduzindo as inclusões tornando-as menos visíveis.  Estas são algumas das inclusões que resultam de um tratamento com temperaturas menos extremas:
- Fracturas discoidais com halos de tensão, parecidos com discos, e que são causadas pela expansão dos cristais naturais
- Inclusões minerais alteradas de aparência arredondada, muitas vezes esbranquiçadas, como "algodão" ou “bolas de neve "
- Agulhas de rutilo, as chamadas sedas descontinuadas e pulverizadas

- Inclusões bifásicas em ruptura e cristais negativos.



Na foto podemos apreciar as chamadas "sedas" do rubi, que são finas agulhas de rútilo que se intersectam, trata-se de um rubi natural e não foi sujeito a qualquer tratamento.
A diferença de preço entre um rubi de qualidade excepcional, sem tratamento e os cada vez mais vulgares rubis preenchidos com vidro de chumbo é de 10.000 para 1, por quilate.


Fotografia de © Richard W. Hughes

O ano passado fiz vários posts sobre as inclusões dos rubis. Na altura, só considerei as inclusões dos rubis naturais, mas como hoje em dia é cada vez mais difícil conseguir comprar pedras de forma completamente informada, seja porque foram objecto de tratamentos para melhoria da cor, de preenchimento de fraturas, mas também que o mercado de pedras sintéticas é uma realidade, este ano optei por referir essas inclusões, mas acrescentei algumas interessantes de rubis sintéticos, de inclusões resultantes de tratamento para melhoria da cor e de preenchimento de fraturas.  



Inclusão em rubi natural com cristal de calcite e zonalidade de cor

Um dos fascínios da Gemologia prende-se com a análise das inclusões nas gemas. O Rubi é uma das gemas que pode apresentar inclusões fantásticas, é um pouco como se dentro de cada gema existisse uma história. A história de uma gema tem a ver com os elementos que a circundavam, no momento em que se deu a sua formação, sendo que alguns deles ficam "presos" é o caso destes cristais de calcite num rubi. 

Cristais de calcite em rubi natural - foto cortesia de © Paolo Cerruti


As minas de rubi mais importantes localizam-se na região norte do Myanmar (antiga Birmânia), perto de Mogok. Mas no Vale dos Rubis (designação pela qual é conhecido o local), apenas 1% da extração de rubis se destina à joalharia.

As principais minas localizam-se na Tailândia, no Sri Lanka, na Tanzânia, mas também encontramos rubis no Afeganistão, no Camboja, no Quénia, no Vietnam, na Austrália, no Zimbabwe, na India, no Nepal, no Paquistão, em Moçambique, nos EUA, no Brasil e no Malawi.


Os rubis são encontrados junto de berilos, crisoberilos, granadas, pedras lua, safiras, espinelas e topázios. A extração é feita em depósito eluviais. A densidade relativa elevada do rubi faz com que seja encontrado junto de outros minerais pesados, depois de lavado o cascalho e a areia do rio, são retirados manualmente.

Tal como com o diamante, o valor de um rubi sobe exponencialmente em função do seu peso. Curiosamente, como o rubi possui uma densidade relativa maior que a do diamante, um rubi de 1 quilate, por exemplo, é mais pequeno que um diamante com o mesmo peso.

Como já tivemos oportunidade de referir os rubis birmaneses estão entre os que apresentam uma qualidade superior, mas gemas acima de 1 quilate são cada vez mais raras, dada a quase extinção daquelas minas, assim o preço por quilate de gemas de excelente qualidade aumenta de forma consistente, vai quebrando recordes em leilões e consegue preços mais elevados face às outras 3 gemas de topo (diamante, esmeralda e safira)


A talha oval é a mais comum nos rubis, mas podemos encontrar diversos tipos de lapidação. É possível encontrar rubis lapidados nas talhas coxim, esmeralda, coração, marquise, princesa, gota, pera e brilhante. Mas alguns desses formatos são raríssimos em pedras grandes e de boa qualidade A estrutura e o tamanho do cristal em bruto define qual o tipo de corte que essa pedra suporta. O lapidador vai tentar maximizar o peso da pedra durante a lapidação, bem como potenciar as suas inclusões. 

Vai ainda ter em conta, o pleocroísmo da pedra (característica óptica que faz a cor parecer diferente consoante o angulo de visão) já que os rubis podem aparentar um tom de vermelho-azulado num ângulo e um vermelho-alaranjado noutro. A direção e o tipo de corte podem minimizar essa cor alaranjada, por exemplo.




Rubis sem inclusões são praticamente inexistentes na natureza. Tal como nas esmeraldas, as inclusões não são necessariamente imperfeições, podem, mesmo, ser uma prova de autenticidade, ou seja, o que separa uma pedra natural de uma sintética. No entanto, certas inclusões podem diminuir significativamente o brilho e a transparência da pedra e mesmo a sua durabilidade, já algumas inclusões, como certas fraturas podem deixa-la mais frágil e mais susceptiveis a danos. O valor de um rubi fica assim muito dependente da visibilidade das suas inclusões e de como isso o afecta em termos de transparência e brilho


O rubi possui vários tipos específicos de inclusões uma delas são as agulhas de rutilo, que conferem um aspecto sedoso na lapidação em cabochon e que pode, eventualmente, formar uma inclusão rara, que se assemelha a uma estrela de seis pontas (asterismo) - o chamado Rubi Estrela

A cor é uma das características mais importante para determinar o valor de um rubi. A tonalidade vermelha de um rubi deve-se ao Cromo (Cr), e a cor pode ir do vermelho profundo ao vermelho acastanhado se ao cromo estiverem associadas partículas de ferro.
Um rubi de qualidade excepcional é vermelho vivo, levemente arroxeado, mas nunca muito escuro. Já um rubi de boa qualidade não deve ser nem muito escuro nem muito claro, nem muito roxo, nem muito alaranjado.  Se for muito escuro, a pedra perde o brilho, mas se a pedra tiver um tom claro, pode ser considerada uma safira rosa, mesmo se a intensidade da cor for alta.


Esta é uma das grandes divergências entre joalheiros e gemólogos em relação às safiras rosas e rubis. Historicamente, eram consideradas rubi todas as pedras avermelhadas, o que incluía o rosa. Além disso, existem diferenças culturais que influenciam na diferenciação dessas gemas. No Sri Lanka, por exemplo, os corindos rosas são sempre considerados rubis, enquanto noutros países, essas gemas são classificadas como safiras rosas.


O Rubi é uma gema que pertence ao grupo dos corindos, tal como a safira, mas apenas os corindos vermelhos são rubis. Todas as outras colorações, do incolor passando pelo rosa até ao azul são safiras.
Apesar de não existirem tabelas de classificação de rubis, como existem para os diamantes, certas características como a cor, a transparência, o tamanho e a talha ajudam-nos a avaliar a sua qualidade.


O Rubi faz parte das 4 gemas magnificas, juntamente com o diamante, a esmeralda e a safira. O nome é derivado do latim rubeus, que significa vermelho.
Os primeiros registos da extração de rubi datam do século I a.C., no Sri Lanka. No entanto, escavações efetuadas perto das minas da Myanmar (antiga Birmânia), sugerem que o fascínio pelos rubis antecede a própria linguagem.
É uma gema muito associada à proteção e, na India, acreditava-se que o rubi poderia fazer com que vivessem em paz com os inimigos, bem como, que o tom vermelho resultava de uma chama no interior da gema e que ela era até capaz de ferver água.

Já em Myanmar, os rubis eram usados como talismã por guerreiros que ansiavam pela vitória em batalhas, já que acreditavam que a gema era uma “gota de sangue do coração da Mãe Terra”, que deveria estar em contacto com a pele para garantir a invencibilidade.
Recordo que são de Myanmar, os rubis de um tom de vermelho vivo levemente azulado, que lembra a cor do sangue, conhecidos por “sangue de pombo”

Na China, o rubi tinha a função de indicar a classe a que um mandarim pertencia. Apenas os mandarins de topo utilizavam rubis nos seus chapéus, abaixo dessa hierarquia usavam enfeites de coral, safiras, lápis-lazúli, cristal, madrepérola, ouro ou prata.



Vamos voltar à pedra do mês de Julho – o Rubi – que também é considerada a pedra da sorte dos 15, 40 e 80 anos, seja de idade seja de aniversário de casamento, por exemplo. Curiosamente, é igualmente a pedra de sorte de quem nasceu numa terça feira como é o caso de hoje.

O rubi simboliza proteção e sucesso quer amoroso quer profissional. pelo que é considerado o presente perfeito para os aniversariantes deste mês, para celebrar o amor e, por isso, muito usada nos anéis de noivado.


A ideia de usar a pedra preciosa correspondente ao mês de nascimento é uma ideia que teve origem na Polónia, no século XVIII, com a chegada de comerciantes de pedras judeus à região.


A lista moderna das pedras do mês, que se mantém em vigor, foi definida em 1912, pela National Association of Jewelers (Jewelers of America) dos EUA, tendo sido alterada apenas em 2002, altura em que foi acrescentada à lista a Tanzanite, como pedra adicional do mês de Dezembro. 

Mas como é que as doze tribos de Israel se relacionam com pedras de nascimento?
Os escritos de Flavius ​​Josefo (no século I) e de São Jerônimo (século V) fizeram a ligação entre as 12 pedras no peitoral e os 12 signos do zodíaco. A ideia proposta foi que cada uma das pedras preciosas tinha poderes especiais associados ao signo astrológico correspondente e que as pedras traziam benefícios terapêuticos ou seriam talismãs.


Não era exactamente o conceito moderno de pedra do mês. Neste modelo astrológico, deveria possuir-se uma coleção de 12 gemas diferentes e usar a gema apropriada durante a ascensão do signo correspondente, assemelhando-se à tradição astrológica da Índia, que atribui 9 gemas diferentes a 9 planetas e prescreve o uso de gemas particulares, de acordo com o estado de saúde de uma pessoa e os desafios que enfrenta na vida.

As pedras do mês

Já várias vezes me perguntaram, como surge esta ideia das pedras do mês. 
Não, não sou eu que defino as pedras do mês…
A ideia de atribuir uma pedra preciosa a cada mês do ano é muito antiga, remonta à célebre placa peitoral de Abraão, descrita no livro de Êxodo, na Bíblia.
Esta peça de vestuário religioso tinha doze pedras preciosas, que se acredita representarem as doze tribos de Israel.

As pedras estavam colocadas em quatro fileiras de três cada, que, de acordo, com uma das versões seriam:
- Rubi, peridoto e água-marinha
- Turquesa, safira e esmeralda
- Jacinto, ágata e ametista
- Topázio, ónix e jaspe 


Escultura de Abraão, ostentando a célebre placa peitoral, da Igreja de Santa Maria del Rosario, em Veneza,  Itália




O Rubi é a pedra do mês de Julho.
Boa semana



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