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Usa-se aqui o famoso quadro “Rapariga com Brinco de Pérola” do pintor holandês Johannes Vermeer (ca. 1632-1675) para ilustrar a etimologia da palavra “pérola”. O termo deriva do latim pirullum que é diminutivo de pirum, que quer dizer pêra, ou seja, daqui resulta que “pérola” não quer dizer mais do que pequena pêra. Em latim, pérola diz-se “unio” e em grego “margueritta”, pelo que o nome actual desta gema do mar derivou de um dos seus atributos, neste caso a forma. Apesar de no nosso imaginário as pérolas serem redondas, ou esféricas, na natureza tal não sucede assim com tanta frequência. Apenas com o surgimento das pérolas de cultura nucleadas, na década de 1920, estas começaram a surgir nos mercados com formas esféricas, em muito controladas pela forma igualmente esférica do núcleo de madrepérola que era introduzido na ostra para espoletar o processo de cultivo. As pérolas naturais são, em regra, irregulares apesar da sua forma se aproximar do redondo. Acontece que uma das formas mais procuradas e raras era, precisamente, a forma em pêra, ou gota ou lágrima, em especial se de bom lustro (ou brilho) e dimensão, tendo estas valores de mercado excepcionais, em especial se em parelha.
No quadro de Vermeer, a pérola é representada num brinco de grande simplicidade, em harmonia com a simplicidade da rapariga, mas a dimensão absolutamente invulgar da gema e a sua rara forma em pêra contrastam enormemente com isto, já que pérolas desta categoria seriam atributos acessíveis apenas aos mais poderosos, residindo aqui um dos aspectos mais interessantes para a leitura desta obra prima.
© Galeria Maurishuis, Haia, Holanda
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